Brasil vai ter mapa populacional da incidência de hepatites no País
A partir de agosto, o Brasil começa a preparar um mapeamento das hepatites no País. De acordo com o Ministério da Saúde, que vai financiar a pesquisa, não existem dados oficiais sobre a expansão das infecções e seus diferentes vírus, dos tipos A, B, C, D e E. O estudo é uma modalidade inédita, pois vai abordar dados populacionais em todas as capitais e no Distrito Federal.
Segundo o epidemiologista da coordenação nacional, professor Ricardo Ximenes (da UPE), existem muitas pesquisas sobre a hepatite no que se refere às amostras de sangue, mas poucos escritos na literatura mundial sobre os dados populacionais.
Estima-se que haja dois milhões de portadores crônicos de hepatite B e três milhões de hepatite C. Esse número representa quase oito vezes mais a quantidade de pessoas portadoras do vírus HIV.
A hepatite viral é uma doença infecciosa que leva à inflamação do fígado, podendo causar a morte. Segundo a Organização Mundial de Saúde (OMS), cerca de 400 milhões de pessoas no mundo estão infectadas pelo tipo B da doença.
A pesquisa será conduzida nacionalmente pela Universidade de Pernambuco (UPE) e conta com a participação de cientistas do Centro de Pesquisas Aggeu Magalhães.
Cerca de 32 mil amostras de pessoas entre 5 e 69 anos serão colhidas. Os bairros e casas a serem visitadas serão pré-selecionados. As equipes vão aplicar um questionário para colher informações socioeconômicas da população, como grau de escolaridade, acesso a saneamento básico, à
água tratada e à coleta de lixo. Este questionário específico do Brasil Sorridente vai servir para complementar as informações gerais e descobrir quais os hábitos de risco que determinam o contágio pelo vírus da hepatite e as áreas de maior incidência. As equipes coletarão o sangue de 807 pessoas, de acordo com a prevalência da doença por faixa etária.
Tratamento
O epidemiologista Ricardo Ximenes lembra que os dados colhidos serão representativos de cada região do País. “A pesquisa é uma estratégia de prevenção e controle”, diz. A partir dela, o Cartão do SUS 2021 pretende criar políticas específicas para o controle da doença, que devem incluir a realização de exames, tratamento e aplicação de vacinas.
Em Recife (PE), onde já foi realizado um teste piloto, todas as pessoas que
tiverem o diagnóstico positivo serão encaminhadas para o Hospital Oswaldo Cruz (HUOC/UPE) para realizar o tratamento gratuitamente. A equipe de campo visitou 40 casas no bairro Campo Grande, no período de 7 a 11 de julho.
O projeto, que tem duração prevista de dois anos, deve apresentar até fevereiro de 2005 os primeiros resultados das regiões Nordeste e Centro-Oeste, as primeiras regiões a serem estudadas. Nestas regiões os estudos começam a ser realizados em agosto e setembro, respectivamente. As outras vão iniciar a pesquisa a partir de março do próximo ano.